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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cornélio Pires O Bandeirante da Música Caipira


Jornalista , escritor, poeta, folclorista e cantador, ele foi o primeiro a gravar um disco de música caipira. É também obra sua a divulgação desta música , através de um Teatro Ambulante.

A história do disco caipira, de tão grande sucesso nos dias atuais, começa em maio de 1929, com a primeira gravação da Turma de Cornélio Pires . Era um 78 rotações de rótulo vermelho, que levava o selo Columbia. De um lado, “Jorginho do Sertão” e , do outro, “Moda de Pião”, ambas de autoria do próprio Cornélio.

E quem seria Cornélio Pires,considerado o “bandeirante da música caipira”?

Natural da cidade de Tietê (SP), escritor , folclorista, Jornalista, poeta e cantador , Cornélio nasceu a mais de cem anos atrás , em 1884.Foi com ele que a música sertaneja passou a ser encarada sob o ponto de vista profissional. A princípio, por volta de 1914, Cornélio dedicava-se a organizar espetáculos pelo interior de São Paulo , para divulgar a arte caipira e apresentar artistas sertanejos: eram as Conferências Cornélio Pires.

Com o passar do tempo, aquelas apresentações tomaram jeito de espetáculos, e foi a essa altura que Cornélio Pires tomou a iniciativa de gravar um disco. Ao chegar em São Paulo, porém , viu seu grande sonho cair água abaixo : gravadora alguma queria arriscar um tipo de música que , acreditavam , não teria receptividade junto ao público.

Confiante em seus propósitos , Cornélio não desistiu. Ao contrário , armou-se de toda sua força de vontade , juntou-se a alguns amigos ( as duplas Zico Dias e Ferrinho, Mandi e Sorocabinha, Mariano e Caçula) e pagou para gravar seu próprio disco.Lançava, assim , em maio de 1929, a Série Caipira Cornélio Pires. Pode-se dizer , portanto, que ele foi um dos primeiros “independentes” da música brasileira.

De cara , “Jorginho do Sertão” e “Moda de Pião” desmentiram as previsões das gravadoras :em apenas 20 dia , o disco estourava com cinco mil cópias vendidas. Vitorioso , Cornélio passou a ser assediado por propostas tentadoras das mesmas companhias que antes o ignoraram. Não aceitou esses convites, decidido a continuar financiando seus discos. E sucederam-se as gravações : “Entre Alemão e Italiano”, “Anedotas Norte-americanas”, “Astúcias de Negro Velho”, “Rebatidas de Caipira”, “Numa Escola Sertaneja”, “Coisas de Caipira”, “Batizado de Sapinho”, “Desafio Caipira”e “Verdadeiro Samba Paulista”, grandes sucessos na época .

De sucessos em sucesso , criou em 1946, o Teatro Ambulante Cornélio Pires, composto de dois carros , um com biblioteca e outro com discoteca para percorrer o interior paulista, onde apresentava-se em praça públicas. Em 1948, recebia o patrocínio da Companhia Antártica Paulista, que distribuía bonés com sua marca durante os shows de seu grande astro .

Antes de morrer de um câncer na laringe , em 1958, Cornélio Pires pode se orgulhar por ter aberto caminho para os programas de música sertaneja nas rádios do país. Foi também a luz que indicou às gravadoras o novo e bem-sucedido caminho da música sertaneja. Uma dessas gravadoras ,a RCA Victor, não demorou a formar a Turma Caipira Victor pra lançamentos exclusivos na área . E , no ano mesmo de sua morte, Cornélio Pires saboreou mais uma vitória : a apresentação de um espetáculo caipira no Teatro Municipal de São Paulo, templo sagrado da música clássica. Era , já naquela época, o triunfo da música caipira , e de Cornélio Pires.

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