xororó du goias canta paixão de homem

domingo, 3 de maio de 2009

Os dotor da minha vida


Um otro disgosto meu,
são os dotor e as dotora,
que entraro na minha vida,
ao perdê mia genitora.
Cumecei a fazê bestagi,
casamento e beberagi,
e faiô a caxa motora.

Meus falicido nem dianta,
puxá na prosa traveiz,
puis pareci que to veno,
eis de foice e soco-ingreis,
mi esperano lá na entrada,
dessi tar de céu das cabra,
módi acertá conta cu'eis.

Mai ceis deve si lembrá,
duma dotora do cão,
que me pruibiu de tudo,
inté cumê macarrão.
Bacaiau e rapadura,
nem jabá e otra mistura,
pió qui uma sombração.

Dela eu inté mi livrei,
que um dia mi dispensô,
dispachô eu prum veinho,
que eu já num sintia dô.
O véio perdeu o prumo
e di novo me deu rumo
pro ambesp me incaminhô.

Lá chegano fui dizeno,
ceis capricha pur favô,
mi dê agora dotô bão
que faiz coisa cum amô.
Aquela distrambelhada
que num dexa cumê nada,
nela nunca mai que eu vô!

Me mandaro lá prum turco,
bãozinho como ele só,
bem sorridente e facero,
cheguei inté ficá cum dó.
De judeu eu nem falei,
que eu ispaio, num contei,
as guerra e forrobodó.

Afinar eu num sô boba,
se ele discobre, to frita,
vai me dá argum remédio,
sem botá laço de fita.
E antis que a vida eu perca,
bateno o rabo na cerca,
mió a mintira bendita.

Puis é, mai nesse interím,
o zóio tamém faiô,
e a dotora lá do ambesp,
im nada num resurtô.
Intão fui numa das boa,
que num gasta prosa à toa,
e só atende quem pagô.

Mai anti eu num pagasse
que a muié mi violentô,
falano tanta bestagi,
que o coração inté surtô.
Diz que eu ia ficá cega,
que o zóio tinha umas prega,
mai um bando de xororô.

Fiquei quasi pá morrê
di disgosto e apreensão,
afinar sê malamada,
é mole pro coração.
Mai cegueta, meus amigo...
Deus, num faça isso cumigo!
Num mereço essi quinhão.

Rezei um bando noite e dia,
e os ixame fui fazê,
tudo nu dinhero vivo,
vale dizê, sem nem tê.
Tira retrato pra cá
tira retrato pra lá,
pá meu zóio eis intendê.

Onti ela deu o veredito.
E num quero aqui mardá,
mai sua cara era certinha,
cara de ku sem lavá.
Diz qui tinha si enganado,
tarveiz só ixagerado,
cegueta eu num vô ficá.

Rispirei aliviada,
num foro im vão minhas prece,
que eu incaro as deficença,
perna torta num aburrece,
eu mi viro ku qui tenho,
dá inté um bão disimpenho,
Mai cegueta... quem merece?

Falô que eu tenho defeito,
di nascença, de famia
que argum dos meu ancestrar
tinha tamém essa arrelia.
E que o zóio inveiceu
bem mais anti do que eu,
mai pra isso tem magia.

Fiquei mais assussegada,
que sê véio num é defeito,
sinão os meus coleguinha,
nenhum seria perfeito.
Purquê vamu cumbiná,
Se essa tar lista eu somá,
deiz mir ano é dito e feito.

Mai num magoem cumigo,
eu amo ocêis memo assim,
sigurano nas barranca,
fingino num vê o tar fim.
E ispero de coração,
que a genti viva um montão,
gastano prosa xinfrim.

(Tere Penhabe)
Santios, 29/04/2009
www.amoremversoeprosa.com
http://artculturalbrasil.blogspot.com/2009/01/terepenhabe.html

Esse paper foi feito pelo Ju, grande Ju!
A muié de ocrus de ceguinha sô eu memo, o ocrus era da Cici... presente do namorado dela (presente de grego, se diga); a peste na parede ainda é o memo inté hoje, só mudô o dotor memo... a peleja cuntinua...
inté pro cêis

(Terê das Bêra Mar)

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