[Por Bob Motta]
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São Francisco, no meu verso,
arreceba a saudação.
O Sinhô qui aos animá,
istende sua potreção.
Apruveitando o seu dia,
quero na minha poesia,
tombém lhe pidí perdão.
Pru tudo de rim qui eu fiz,
no meu tempo de iscola.
Pru todos uis passaríin,
qui eu prindí numa gaiola.
Puros níin qui eu dirrubei,
sem querê, quando chutei,
muntas vêiz, jogando bola.
Puras ribaçã e rolinha,
qui à noite eu cacei "no facho".
Puras piaba qui istruí,
nais vertente duis riacho.
Puros quixó qui eu armei,
no sertão adonde andei,
ceicado à riba e abaixo.
Puras sariema qui eu,
cumí cumo tira gôsto.
Qui hoje in dia, eu matutando,
inda choro de disgôsto.
Quando o dia vai raiando,
num ôiço mais elas cantando,
mode eu me acordá dispôsto.
Certa vêiz eu acertei,
puramente por mardade,
uma "lavandêra", andurinha,
Infilirmente é verdade.
A tristeza inda me dói,
e o remorso me corrói,
mode essa prevessidade.
Hoje eu tô arrepindido,
de tudo isso qui fiz.
Mais, graças a Deus cuntinuo,
sendo um eterno aprindiz.
O remorso me cunsome,
pru tê caçado sem fome,
fingindo qui era feliz.
São Francisco, naquele tempo,
nais cidade e no sertão,
num tinha uis aprindizado,
qui hoje in dia existe não.
Num se era penalizado;
caça e pesca, no passado,
era pura divéição.
Ninguém tinha cunciença,
qui alí, tava cumetendo,
um crime sem precedente,
matando uis bichíin e cumendo.
Nóis, caçadô sastisfeito,
inté batia nuis peito,
e a natureza sofrendo.
Hoje, cuncientizado,
no teu dia cum emoção,
te cunfesso esses pecado,
de áima e de coração.
Nuis meus verso, tão sòmente,
São Francisco, humirdemente,
eu te peço o teu perdão...
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